Quando o Despertar Deixa de Ser Procura e Passa a Ser Regresso.

Vivemos tempos em que o crescimento pessoal se tornou pressa, em que a espiritualidade se tornou imagem e a cura se tornou um objetivo no horizonte, como se houvesse um lugar para onde temos de ir para finalmente sermos nós.
Mas, há um movimento mais silencioso a acontecer. Um regresso.
Não ao passado, mas a algo mais íntimo, mais autêntico, mais real. Uma escuta que se faz dentro. Um encontro que já não procura respostas, mas presença. Uma vida que já não precisa parecer bonita, só precisa ser verdadeira.
Este texto é sobre esse caminho. Um caminho que é menos conquista… e mais casa. Menos “atingir algo” e mais recordar quem somos. É um texto que nasce da minha própria travessia, por dentro do corpo, da alma e das muitas versões de mim mesma que fui soltando para poder regressar.
O princípio da travessia: a escuta como ato de coragem.
Durante muito tempo, confundi o caminho com o esforço. Tentei curar depressa. Entender tudo com a mente. Ser "luz" mesmo nos dias em que a sombra falava mais alto. Mas a cura verdadeira só começou quando parei de fugir… e comecei a escutar.
Escutar é diferente de analisar. É diferente de entender. É diferente de resolver.
Escutar é sentar-me ao lado daquilo que dói e não tentar remendar, apenas estar. É permitir que a emoção exista. É parar de racionalizar a alma. E quando isso acontece, algo dentro começa a reorganizar-se… como se o corpo dissesse: “agora, sim, posso confiar”.
Essa confiança não vem da força. Vem da ternura.
Os quatro pilares: o coração da nova realidade interior.
Atravessar a escuta fez nascer em mim quatro palavras que se tornaram fundações. Não são conceitos, são práticas internas, vividas, orgânicas. São elas: Vivência, Transparência, Paciência e Resiliência.
1. Vivência — o ato de estar inteira na experiência.
Vivenciar é diferente de interpretar. É dar corpo ao que se sente, mesmo quando isso não se entende.
Durante muito tempo, as minhas emoções eram um problema a resolver. Hoje, percebo que são portais, convites a regressar a partes minhas que estavam esquecidas. Viver com vivência é não cortar. É não fugir. É estar inteira… mesmo no caos.
Não se trata de ser forte.
Trata-se de ser honesta com o que vive em ti.
2. Transparência — a coragem de não fingir.
Transparência não é dizer tudo a toda a gente. É alinhar o que sentes com o que expressas.
É não forçar um “está tudo bem” quando algo em ti grita por silêncio. É reconhecer que há dias em que a alma precisa de recolher e que isso também é espiritualidade.
Transparência é quando deixas cair a máscara da perfeição e assumes a tua humanidade. E nesse ato, algo libertador acontece:
Já não precisas representar.
Só precisas ser.
3. Paciência — o tempo sagrado da travessia.
Nenhuma flor se apressa. Nenhuma raiz cresce a gritar.
A alma tem o seu ritmo. E muitas vezes, é diferente do que o ego deseja. Paciência não é passividade, é confiança. É saber que o invisível também trabalha. Que há sementes a germinar mesmo quando não vês nada à superfície.
Respeitar o tempo da alma é um ato de amor profundo.
É descansar dentro da vida.
Mesmo quando ainda não sabes o que vem a seguir.
4. Resiliência — o renascimento que vem da inteireza.
Durante muito tempo, confundi resiliência com resistência. Acreditava que ser resiliente era ser inabalável.
Hoje vejo que a verdadeira resiliência é permitir-se abalar e mesmo assim continuar com ternura. É cair em pedaços e voltar a juntar-se… mas sem se obrigar. É dar tempo à reconstrução. É renascer com mais escuta do que antes.
Resiliência não é endurecer.
É florescer do lugar onde tudo parecia ter ruído.
Foi desse espaço íntimo que nasceu Atravessar para Despertar, um eBook onde partilho profundamente sobre essas quatro palavras que transformam. Quatro sementes espirituais. Quatro convites à reconexão contigo. O eBook já está disponível, adquiro-o diretamente via Whatsapp.
Uma frase como senha vibracional.
No processo de escrever e mergulhar nesta vivência, surgiu-me uma frase que se tornou mantra interior. Uma oração pequena, mas completa:
“Observar as vivências com transparência e paciência leva-nos à resiliência.”
Cada palavra desta frase é um fio de consciência. E quando a repito — em silêncio, em voz baixa, em pensamento — tudo em mim começa a alinhar-se.
Esta não é uma frase para decorar. É uma frase para habitar. Um código que se ativa sempre que o caos ameaça, sempre que a dúvida chega. Ela lembra-me: não há nada de errado em sentir. Há beleza no caminho inteiro.
Quando o regresso acontece: “sou em mim… e isso basta.”
A parte mais silenciosa da travessia, e talvez a mais profunda, aconteceu quando percebi que já não precisava de correr atrás de cura, de identidade, de lugar.
Porque… eu era o lugar. Sempre fui.
Nesse momento, o barulho interior cessou. Não porque tudo se resolveu, mas porque algo em mim deixou de lutar. E quando deixas de te abandonar… tudo muda.
O despertar, afinal, não acontece com luzes e celebrações. Acontece com um sussurro. Com uma manhã em que o corpo respira diferente. Com aquele instante sagrado em que te olhas ao espelho e pensas:
“Estou em mim, e isso… é suficiente.”
O povo que desperta: raízes, constelações, silêncio.
Há pessoas a acordar. E muitas vezes, não se vê.
É uma gente silenciosa. Que não precisa de palco, nem de título espiritual. Que não se apresenta como “guru”, mas como humano. Que escuta mais do que fala. Que sente mais do que mostra.
São pessoas que:
• Não se escondem da emoção.
• Não ignoram o cansaço.
• Não separam espiritualidade de humanidade.
São raízes que sustentam a nova floresta.
Pequenos fogos que acendem constelações.
Sementes que germinam em silêncio, mas com firmeza.
E quando se encontram, mesmo em silêncio… o mundo muda. Não por fora, mas por dentro.
E quando a vida voltar a pedir travessia…
Porque vai pedir. Sempre pede.
Voltaremos a duvidar. A cansar. A cair um bocadinho.
Mas nesse momento, que possas escutar a voz mais sábia dentro de ti. Aquela que sussurra:
“Tu já atravessaste antes. Tu sabes como florescer no escuro.”
E essa sabedoria ninguém te tira. Está gravada no teu corpo. Nos teus silêncios. Nos teus gestos mais simples.
Um convite com raiz.
Este artigo não é uma solução. Não é um mapa. É só um espelho.
Um espelho daquilo que tantas vezes esquecemos:
Que somos inteiros, mesmo quando não estamos certos.
Que a alma não é para se resolver, é para se habitar.
Que o caminho começa sempre no mesmo lugar: dentro.
Que possas escolher uma espiritualidade que não se exibe, mas que te sustenta. Que possas olhar para ti com olhos mais ternos. E quando o mundo pedir pressa, exigência, resposta… Que possas simplesmente dizer:
“Hoje, escolho viver devagar.Escutar com verdade.Estar inteira.Mesmo quando não sei.”
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👽 ESCRITO POR:
Cristalina Gomes ![]() ![]() ![]() |
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